COMO A ARQUITETURA PODE AUXILIAR NO COMBATE À ANSIEDADE?
- criacao0750
- 13 de dez. de 2022
- 4 min de leitura
Na arquitetura, como na vida, há sempre uma história para contar, uma vida para transformar e uma experiência para aspirar. O design bem pensado deve sempre ter a intenção de melhorar nossa qualidade de vida e alterar drasticamente nossa experiência no mundo.
Pensando nisso, decidimos falar sobre arquitetura e como ela pode melhorar a autoestima e qualidade de vida das pessoas.
Ansiedade e Depressão
Responda com sinceridade para você mesmo (a): quantas vezes a ansiedade já lhe impediu de fazer algo ou prejudicou a sua vida? Se você é brasileiro (a), não está sozinho (a) nessa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo inteiro e o quinto em casos de depressão. Conforme o levantamento da OMS, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população.
O que estamos fazendo de errado para que nosso povo mergulhe em tantas questões psicológicas graves? Ocupamos o primeiro lugar no ranking dos países mais deprimidos e ansiosos da América Latina. Está mais do que na hora de pisarmos no freio para entender essas questões e agir pela mudança.
Segundo especialistas, muitos fatores estão envolvidos nesse diagnóstico, desde questões socioeconômicas como pobreza e desemprego até mesmo questões ambientais e que tem relação direta com o estilo de vida nas grandes cidades.
E o que dizer dos espaços físicos no quais as pessoas passam 1/3 de seus dias? Os escritórios e ambientes corporativos têm grande peso na saúde mental das pessoas. E é por isso que as empresas devem investir nessas questões a fim de garantir que todos tenham conforto e atenção enquanto desempenham suas atividades.
Como a arquitetura melhora a autoestima e qualidade de vida?
De acordo com análises, as pessoas gastam até 90% do tempo em espaços interiores. Portanto, os espaços onde nós vivemos, trabalhamos e relaxamos têm um enorme impacto no nosso bem-estar geral e emocional.
Como arquitetos e designers, cabe a esses profissionais reconhecer a conexão integral entre seus projetos e o impacto que eles causam no bem-estar humano, dentro dos prédios e comunidades onde estão localizados.
Seres humanos geralmente se sentem física e emocionalmente confortáveis em determinados tipos de espaços públicos. Há aqueles que preferem ler um livro na varanda de um café, outros preferem estar sentados em um sofá aconchegante no salão de beleza ou aguardando o trem na estação. Fato é que alguns espaços, ainda que longe de casa, tendem a incitar uma sensação muito parecida com aquela que experimentamos no aconchego do nosso lar.
Através da psicologia ambiental aplicada à arquitetura, os fatores espaciais que contribuem para a sensação de conforto passaram a ser mais tangíveis, e agora, arquitetos e designers podem contar com a ajuda de especialistas para desenvolver projetos e espaços mais confortáveis e agradáveis.
Audrey Gray, da Metropolis Magazine, decidiu ir até um café para observar como as pessoas se comportam depois de entrar em contato com o trabalho da psicóloga ambiental Stephani Robson, e para tentar entender melhor o que a psicologia ambiental pode ensinar aos arquitetos, ou de que forma ela pode nos ajudar a compreender melhor a maneira como percebemos o espaço. Robson, professora da Cornell University, estuda como os espaços afetam os sentimentos e comportamentos das pessoas e tudo aquilo que pode contribuir com a nossa sensação de conforto ou desconforto. A psicóloga avalia as tendências de comportamento observando por horas as pessoas em determinados tipos de espaços públicos, analisando as suas reações de acordo com determinadas variáveis.
Um dos principais focos na pesquisa que Robson vem desenvolvendo ao longo de mais de uma década, é como certos tipos de espaço podem contribuir para aliviar a ansiedade. Em um estudo realizado em 2008, Robson descobriu que as pessoas mais ansiosas escolhem sentar-se ao lado de paredes, cantos ou divisórias, elementos que segundo ela, proporcionam uma sensação de maior controle sobre o espaço. A psicóloga afirma que, ao longo dos últimos anos, espaços íntimos e reservados tem se multiplicado em ambientes como restaurantes e lobbies de hotéis, como uma ferramenta para proporcionar maior conforto aos usuários.

Como projetos verdes afetam nossa qualidade de vida
Pesquisadores do Instituto de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, desenvolveram um estudo que relaciona arborização e saúde mental. Em Londres, existem cerca de 40 árvores por quilômetro quadrado, com 358 casos de depressão diagnosticados a cada mil pessoas. Nos locais com maior densidade de árvores, os pesquisadores descobriram que as taxas da doença diminuem 1,38 para cada árvore adicional existente.

O estudo “Paisagem e Urbanismo” mostra como a influência da arquitetura e do urbanismo vai muito além da quantidade de prédios e construções nas grandes cidades. A arquitetura deve ser uma decisão inteligente, que preza pelo uso adequado de recursos e é responsável pelo bem estar das pessoas.
Além disso, morar perto de áreas arborizadas estimula a prática de exercícios físicos e o consumo de alimentos saudáveis. Prédios coloridos e com arquitetura diferente ajudam a melhorar o humor e a diminuir as chances de stress ao longo do dia.
A arquitetura não se trata apenas de projetar ambientes luxuosos, uma de suas funções e oferecer as pessoas um lugar que tem a sua cara, o qual possa chamar de lar, sentir-se confortável mesmo que seja o seu ambiente de trabalho.
Fonte: https://www.archdaily.com.br
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